terça-feira, 12 de março de 2013

* PESQUISAS III - Conflito: CURDISTÃO *


Etimologia das palavras curdo e Curdistão
O nome Curdistão pode ser remetido à palavra suméria kur, que significava algo parecido com montanha há mais de 5000 anos.
O sufixo -ti representava uma filiação. A palavra kurti expressava então a ideia de tribu da montanha ou povo da montanha. Os luvianos, um povo que viveu no oeste da Anatólia cerca de 3000 anos atrás chamava o Curdistão de Gondwana, que significava em sua língua terra dos vilarejos. Em curdo, a palavra gond significa até hoje vilarejo. Durante o reinado dos assírios, os curdos eram denominados NaNairi, palavra que tem um significado próximo a povo ribeirinho.
Durante a Idade Média, sob o reinado dos sultões árabes, a região curda era conhecida como Beled-Ekrat. Os sultões seljúcidos, que utilizavam a língua persa, foram os primeiros a utilizar a palavra Curdistão, a terra dos curdos, em seus documentos oficiais.
Os sultões otomanos também chamavam a área de assentamentos curdos Curdistão. Até a década de 1920, esta era a denominação mais frequente. Após 1925 a existência do povo curdo foi negada, especialmente na Turquia.


Lutas pelos recursos, guerra e terrorismo de estado no Curdistão
No passado, a posição estratégica do Curdistão já havia chamado a atenção, transformando o país em peão de lutas pela distribuição de recursos, guerras e terrorismo de estado. Este fato é verdadeiro atualmente e pode ser remetido ao começo da história, já que o Curdistão tem sido sistematicamente exposto a ataques e saques por parte de potências estrangeiras. Os regimes de terror dos Impérios Assírio e Cita entre 1.000 e 1.300 a.C. e a campanha de conquista liderada por Alexandre o Grande são os melhores exemplos de tais ataques. A conquista árabe foi seguida de uma expansão do Islã no Curdistão. Por mais que o Islã pregue uma religião pacífica, em sua essência ela é dificilmente dissociável de uma ideologia de conquista da nação árabe, que se propagou rapidamente pelo Curdistão. O Islã então prosseguiu até as montanhas de Taurus e Zagros, exterminado as tribus que resistiam. No ano 1.000 d.C. o Islã conheceu seu apogeu. Então, nos séculos XIII e XIV, os mongóis invadiram o Curdistão, causando uma grande diáspora curda. Após a batalha de Chaldiran em 1514, da qual saíram vencedores os otomanos, as fronteiras naturais do Império foram transladados ao Leste, ampliando assim o Império.
O Tratado de Qasr-e Shirin finalmente estabeleceu de maneira oficial as fronteiras iranianas e turca, concluindo assim a repartição do Curdistão tal como apresenta-se hoje. A Mesopotâmia e os curdos se encontravam em sua maioria dentro dos limites do Império Otomano. Até 1.800 os otomanos e os principados curdos conheceram um período relativamente pacífico, baseado a discrição sunita que ambos compartilhavam. Os curdos alevitas ou zoroastrianos, porém, continuaram desafiando o Império e criaram focos de resistência nas montanhas. De 1.800 ao declínio do Império Otomano, o Curdistão foi abalado por inúmeras rebeliões, as quais eram geralmente aniquiladas sem piedade. Após a queda dos otomanos o Curdistão foi repartido mais uma vez, agravando assim a atmosfera de violência. As potências imperialistas emergentes Inglaterra e Franca redesenharam as fronteiras do Oriente Médio, entregando assim o Curdistão ao domínio da república turca, do trono iraniano, da monarquia iraquiana e do regime sírio-francês.
Sentindo a perda de uma grande parte de seus antigos territórios, a Turquia rapidamente adotou uma política de assimilação, na tentativa de unificar as partes restantes do antigo Império
Otomano. Qualquer indício de cultura que não a turca seria, de acordo com esta política, exterminado. Desta maneira, língua e a cultura curdas foram banidas.
A dinastia aspirante dos pahlavi no Irã procedeu de uma maneira similar. A rebelião liderada pelo líder tribal curdo Simko Shikak de Urmiye e a luta pela emancipação da república curda de Mahbad foram suprimidas sem piedade. O Xá fundou assim um regime de terror no espírito da época fascista do começo do século XX. Nas regiões iraquiana e síria do Curdistão, a Inglaterra e a França destruíram, com a ajuda de seus aliados fiduciários árabes, os esforços curdos pró-emancipação. Nessas regiões também foram estabelecidos regimes coloniais cruéis.



Bases ideológicas da repressão colonial e a política
de poder no Curdistão
Tanto a repartição do Curdistão quanto a essência dos regimes árabe, persa e turco constituíram obstáculos ao desenvolvimento social dos curdos destas regiões. O relativo atraso social dos curdos, que ainda hoje mantêm suas estruturas feudais, é um produto de tais relações de poder. Com a chegada de estruturas capitalistas, das quais os curdos foram em sua maioria excluídos, a brecha entre seu desenvolvimento e o das sociedades hegemônicas árabe, turca e persa aumentou ainda mais. As estruturas de poder do regime feudal se misturaram às estruturas de poder burguesas do capitalismo, o que ajudou a preservar o domínio das respectivas nações sobre o território. Apesar de tais estruturas dependerem do imperialismo, elas foram capazes de construir suas próprias economias nacionais, desenvolver progressivamente suas respectivas culturas e estabilizar suas estruturas estatais. Despontou, apesar das condições, uma nova elite nas áreas de ciência e tecnologia. Todo grupo étnico minoritário de cada país foi forçado a utilizar exclusivamente a língua dominante. Com a ajuda de uma política nacionalista tanto doméstica quanto internacional, eles criaram uma classe dominante que se percebia como um poder hegemônico sobre qualquer outro grupo étnico. A polícia e o exército foram expandidos e fortalecidos para suprimir qualquer resistência popular. O povo curdo não soube responder a uma tal repressão. Eles ainda sofriam do impacto de intrigas imperialistas precedentes. Eles foram confrontados a um chauvinismo nacionalista agressivo da parte dos estados que detinham o poder no 19
Curdistão, enquanto o caráter “legítimo” deste poder era explicado por construções ideológicas extremas.
Negação e abnegação
Os poderem hegemônicos (i.e. Turquia, Iraque, Irã e Síria) negaram aos curdos sua existência como grupo étnico. Neste ambiente, os curdos corriam sérios riscos se eles se referissem a suas origens. Indivíduos que não se abstinham de tais referências, apesar do perigo, eram raramente apoiados por seu próprio grupo étnico. Para os curdos, comprometer-se abertamente com suas origens e cultura resultava em exclusão de toda relação econômica e social. Em vista disso, muitos curdos negavam sua descendência ou escondiam-na, e os respectivos regimes fomentavam sistematicamente tais práticas. Esta estratégia de negação produziu as mais variadas e absurdas situações. Para o regime árabe a questão curda simplesmente não existia. Para eles, não havia sombra de dúvida que esta questão havia sido resolvida pelo predomínio do Islã. A única nação era o Islã, e essa nação era árabe.
Os persas foram ainda mais longe e definiram os curdos como um subgrupo étnico persa. Assim, os direitos do povo curdo seriam garantidos de forma natural. Os curdos que insistiam em lutar por seus direitos e revindicavam sua identidade étnica eram vistos como indivíduos que denegriam sua própria nação, recebendo consequentemente o tratamento apropriado.
O regime turco revindicava sua supremacia sobre os curdos pelas supostas campanhas de conquista da Anatólia que teriam ocorrido mil anos antes. Durante estas campanhas ter-se-ia constatado que não existiam outros povos na região. Por conseguinte, curdo e Curdistão representam não-palavras, não existentes ou cuja existência não é permitida segundo a ideologia oficial. O uso de tais palavras representa um ato terrorista e é punido como tal. 
Apesar de construções ideológicas deste estilo, o povo curdo representa um dos grupos étnicos autóctones mais antigos da região.


A maior nação sem pátria.
Descendentes do antigo império medo-persa (nação a quem pertenceu o Rei Dario, e ante quem serviu o profeta Daniel) os curdos lutaram muito para possuir seu próprio território como pátria para dar um lar a seus mais de 20 milhões de habitantes que hoje vivem divididos entre a Turquia, Síria, Iraque e Irã. São na maioria muçulmanos, apenas se conhecem crentes entre eles.
Determinar o número exato é impossí­vel. Os governos de seus respectivos paí­ses tendem a subestimar seu número, enquanto que seus movimentos nacionalistas o exageram.
Eles são descendentes dos medo-persas mencionados na Bíblia Em 612 a.C. conquistaram Ní­nive, e por sua vez foram conquistados pelos persas em 550 a.C. Alguns antropólogos os identificam com os elamitas mencionados na profecia de Jeremias 49. No século VII d.C., ao se converterem, na sua maioria, ao islamismo.
Os Curdos mais famosos da história foram Dario, o Medo, que reinou na Pérsia no tempo de Daniel, e Saladino, que lutou contra o Rei Ricardo Coração de Leão, nas cruzadas e reconquistou Jerusalém para o islamismo em 1187.
Um povo diferente
Não há dúvida que eles são a maioria mais importante do Oriente Médio. Sua pátria, que eles chamam de Curdistão, não tem limites oficiais, mais se estende desde as montanhas Zagros no Irã até a parte do Iraque, Sí­ria e Turquia Oriental. Uma região montanhosa de 500.000 km2 onde se encontram 100% do petróleo turco e sí­rio, e 74% dos curdos do Iraque (Kirkuk-Mosul) e a metade do iraniano (região de Kermanach). Ao norte se encontra o Monte Ararat (onde desceu a arca de Noé), e os rios Tigre e Eufrates banham a região.
Um povo com lí­ngua própria
A diferença entre á¡rabes e curdos está no fato de que estes ainda não estruturaram a sua lí­ngua e a sua escrita; os mais alfabetizados escrevem em árabe.
O curdo é um idioma indoirani relacionado com o persa. Tem um grande número de dialetos. Em alguns casos é possí­vel o entendimento restrito entre um dialeto e outro, porém na maioria dos casos não o é.
Provavelmente o obstáculo mais grave para a comunicação entre os curdos e com outras nações resida no fato de que o analfabetismo é muito grande (inferior à 10%). Poucos são os que tem oportunidade de ir a escola, geralmente por questões econômicas.
Um povo com crenças próprias
Religião de origem mazdeísta, não obstante os curdos tem sido fiéis seguidores de um provérbio que se aplica a toda a minoria do Oriente Médio: "Mais vale uma raposa em liberdade do que um leão preso". Assim, o povo curdo teve que mudar sua religião para sobreviver. Da mesma forma, mantém antigas crenças em espí­ritos que habitam em cavernas, montanhas e vales.
Um povo com identidade própria
Ainda que originalmente eram nômades, hoje em sua maioria são agricultores. Vivem em pequenos povoados que se destacam por sua estrutura competitiva de clãs e por sua desordem: em algumas ocasiões ganharam a reputação de serem brutos. Os turcos provocaram algumas tribos curdas a unirem-se para o massacre dos armênios até o final do século XIX.
A parte disto, são muito hospitaleiros. Suas mulheres realizam tarefas domésticas, e durante a colheita também trabalham no campo. Em suas festas as esposas tem lugar ao lado de seus maridos, e é permitido que falem. Os curdos normalmente tem uma sã esposa.
Pode-se dizer que sua cultura está baseada no amor. Por exemplo, é bem visto uma jovem deixe seu lar para unir-se ao seu amado, ainda que contra a vontade de seus pais. As mães sempre levam consigo seus bebês, até quando vão realizar trabalhos no campo. É permitido às crianças, desde pequenos, a sentar-se com os adultos e participar de suas conversas, que geralmente são sobre o amor, doenças, ou morte. Os filhos levam o sobrenome do pai, ainda que podem tomar o da mãe se ela é bonita ou de famí­lia muito conhecida.
Preparados para morrer pela sua pátria
Nação sem estado, massacrados pelos turcos, árabes e persas, esquecidos pela ONU, os curdos são na grande maioria analfabetos. Desde o iní­cio deste século, quando se desenvolveu seu nacionalismo, o povo curdo mantém uma guerra de guerrilhas contra as potências ocupantes de seu território. O tratado de Sôvres, firmado em 1920, havia prometido a eles o direito a sua independência depois da queda do império otomano. Mais quando o texto de Sôvres foi substituí­do pelo de Lausane, foi perdida toda esperança.
Não é a primeira vez que as esperanças curdas por obter uma nação própria terminou em desastre. Seus guerrilheiros chamam a si mesmo "peshmerga" (os que enfrentam a  morte), e através dos anos tem sido frustrados seus intentos por aspirar uma nação própria, em terras com governantes que os depreciam.
No Iraque, Saddam Hussein tentou por longo tempo eliminá-los. Quando as forças aliadas na guerra do Golfo, expulsaram o exército iraquiano do Kuwait, centenas de milhares de curdos sem lar se dirigiram ao norte para reclamar suas antigas terras, somente para serem atacados por Saddam e forçados a fugir novamente.
Os problemas no Iraque tem levado o Primeiro Ministro da Turquia a utilizar a palavra curdos, já que até pouco tempo a existência deste grupo humano não era aceita, e eram chamados de turcos das montanhas. Agora, uma nova legislação foi proposta e trarão liberdade limitada para a língua curda permitindo fitas e vídeos em sua lí­ngua, mais não livros.
Morrem sem Cristo
Há muito poucos cristãos no Curdistão, e a maioria deles são nominais. Os missionários que trabalham nesta área tiveram que abandoná-la em 1920 por causa das pressões polí­ticas. Atualmente há uma pequena obra cristã em algumas regiões do Iraque.
Somente existem traduções do evangelho de Lucas e de João, os Provérbios, e o livro de Jonas e alguns episódios da vida do Senhor Jesus Cristo.
Oremos pelos curdos
A forma em que estão se desenvolvendo os atos, poderiam indicar uma resposta a oração de muitos? O evangelismo entre os muçulmanos curdos está severamente restrito e há poucos crentes verdadeiros (não se sabe de mais de 50 em todo o mundo); no entanto, as zonas curdas da Turquia tem a mais alta percentagem de reposta aos cursos bí­blicos por correspondência.
Podemos enfocar nossas orações a motivos importantes. Esperando que o desenvolvimento polí­tico seja para o bem, clamemos para que os curdos tenham a liberdade de escutar o evangelho em sua própria lí­ngua, e para que haja obreiros que tenham a possibilidade de proclamar as boas novas.
Considerando os projetos de evangelismo que estão em andamento, oremos pelo término da tradução do Novo Testamento a vários dialetos curdos. Para que sejam distribuí­dos os vídeos e as fitas que existem em curdos. Também para que os exilados que vivem na Europa sejam alcançados. 

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