Etimologia das palavras
curdo e Curdistão
O nome Curdistão pode ser remetido à
palavra suméria kur, que significava algo parecido com montanha há mais de 5000
anos.
O sufixo -ti representava uma filiação.
A palavra kurti expressava então a ideia de tribu da montanha ou povo da
montanha. Os luvianos, um povo que viveu no oeste da Anatólia cerca de 3000
anos atrás chamava o Curdistão de Gondwana, que significava em sua língua terra
dos vilarejos. Em curdo, a palavra gond significa até hoje vilarejo. Durante o
reinado dos assírios, os curdos eram denominados NaNairi, palavra que tem um
significado próximo a povo ribeirinho.
Durante a Idade Média, sob o reinado
dos sultões árabes, a região curda era conhecida como Beled-Ekrat. Os sultões
seljúcidos, que utilizavam a língua persa, foram os primeiros a utilizar a
palavra Curdistão, a terra dos curdos, em seus documentos oficiais.
Os sultões otomanos também chamavam a
área de assentamentos curdos Curdistão. Até a década de 1920, esta era a
denominação mais frequente. Após 1925 a existência do povo curdo foi negada,
especialmente na Turquia.
Lutas pelos recursos, guerra e terrorismo de estado no
Curdistão
No passado, a posição estratégica do
Curdistão já havia chamado a atenção, transformando o país em peão de lutas
pela distribuição de recursos, guerras e terrorismo de estado. Este fato é
verdadeiro atualmente e pode ser remetido ao começo da história, já que o
Curdistão tem sido sistematicamente exposto a ataques e saques por parte de
potências estrangeiras. Os regimes de terror dos Impérios Assírio e Cita entre
1.000 e 1.300 a.C. e a campanha de conquista liderada por Alexandre o Grande
são os melhores exemplos de tais ataques. A conquista árabe foi seguida de uma expansão
do Islã no Curdistão. Por mais que o Islã pregue uma religião pacífica, em sua
essência ela é dificilmente dissociável de uma ideologia de conquista da nação
árabe, que se propagou rapidamente pelo Curdistão. O Islã então prosseguiu até
as montanhas de Taurus e Zagros, exterminado as tribus que resistiam. No ano
1.000 d.C. o Islã conheceu seu apogeu. Então, nos séculos XIII e XIV, os
mongóis invadiram o Curdistão, causando uma grande diáspora curda. Após a
batalha de Chaldiran em 1514, da qual saíram vencedores os otomanos, as
fronteiras naturais do Império foram transladados ao Leste, ampliando assim o
Império.
O Tratado de Qasr-e Shirin finalmente
estabeleceu de maneira oficial as fronteiras iranianas e turca, concluindo
assim a repartição do Curdistão tal como apresenta-se hoje. A Mesopotâmia e os
curdos se encontravam em sua maioria dentro dos limites do Império Otomano. Até
1.800 os otomanos e os principados curdos conheceram um período relativamente
pacífico, baseado a discrição sunita que ambos compartilhavam. Os curdos
alevitas ou zoroastrianos, porém, continuaram desafiando o Império e criaram
focos de resistência nas montanhas. De 1.800 ao declínio do Império Otomano, o
Curdistão foi abalado por inúmeras rebeliões, as quais eram geralmente
aniquiladas sem piedade. Após a queda dos otomanos o Curdistão foi repartido
mais uma vez, agravando assim a atmosfera de violência. As potências
imperialistas emergentes Inglaterra e Franca redesenharam as fronteiras do
Oriente Médio, entregando assim o Curdistão ao domínio da república turca, do
trono iraniano, da monarquia iraquiana e do regime sírio-francês.
Sentindo a perda de uma grande parte de
seus antigos territórios, a Turquia rapidamente adotou uma política de
assimilação, na tentativa de unificar as partes restantes do antigo Império
Otomano. Qualquer indício de cultura
que não a turca seria, de acordo com esta política, exterminado. Desta maneira,
língua e a cultura curdas foram banidas.
A dinastia aspirante dos pahlavi no Irã
procedeu de uma maneira similar. A rebelião liderada pelo líder tribal curdo
Simko Shikak de Urmiye e a luta pela emancipação da república curda de Mahbad
foram suprimidas sem piedade. O Xá fundou assim um regime de terror no espírito
da época fascista do começo do século XX. Nas regiões iraquiana e síria do
Curdistão, a Inglaterra e a França destruíram, com a ajuda de seus aliados
fiduciários árabes, os esforços curdos pró-emancipação. Nessas regiões também
foram estabelecidos regimes coloniais cruéis.
Bases ideológicas da repressão colonial e a política
de poder no Curdistão
Tanto a repartição do Curdistão quanto
a essência dos regimes árabe, persa e turco constituíram obstáculos ao
desenvolvimento social dos curdos destas regiões. O relativo atraso social dos
curdos, que ainda hoje mantêm suas estruturas feudais, é um produto de tais
relações de poder. Com a chegada de estruturas capitalistas, das quais os
curdos foram em sua maioria excluídos, a brecha entre seu desenvolvimento e o
das sociedades hegemônicas árabe, turca e persa aumentou ainda mais. As
estruturas de poder do regime feudal se misturaram às estruturas de poder
burguesas do capitalismo, o que ajudou a preservar o domínio das respectivas
nações sobre o território. Apesar de tais estruturas dependerem do
imperialismo, elas foram capazes de construir suas próprias economias
nacionais, desenvolver progressivamente suas respectivas culturas e estabilizar
suas estruturas estatais. Despontou, apesar das condições, uma nova elite nas
áreas de ciência e tecnologia. Todo grupo étnico minoritário de cada país foi
forçado a utilizar exclusivamente a língua dominante. Com a ajuda de uma
política nacionalista tanto doméstica quanto internacional, eles criaram uma
classe dominante que se percebia como um poder hegemônico sobre qualquer outro
grupo étnico. A polícia e o exército foram expandidos e fortalecidos para
suprimir qualquer resistência popular. O povo curdo não soube responder a uma
tal repressão. Eles ainda sofriam do impacto de intrigas imperialistas
precedentes. Eles foram confrontados a um chauvinismo nacionalista agressivo da
parte dos estados que detinham o poder no 19
Curdistão, enquanto o caráter
“legítimo” deste poder era explicado por construções ideológicas extremas.
Negação e abnegação
Os poderem hegemônicos (i.e. Turquia,
Iraque, Irã e Síria) negaram aos curdos sua existência como grupo étnico. Neste
ambiente, os curdos corriam sérios riscos se eles se referissem a suas origens.
Indivíduos que não se abstinham de tais referências, apesar do perigo, eram
raramente apoiados por seu próprio grupo étnico. Para os curdos, comprometer-se
abertamente com suas origens e cultura resultava em exclusão de toda relação
econômica e social. Em vista disso, muitos curdos negavam sua descendência ou
escondiam-na, e os respectivos regimes fomentavam sistematicamente tais
práticas. Esta estratégia de negação produziu as mais variadas e absurdas
situações. Para o regime árabe a questão curda simplesmente não existia. Para
eles, não havia sombra de dúvida que esta questão havia sido resolvida pelo
predomínio do Islã. A única nação era o Islã, e essa nação era árabe.
Os persas foram ainda mais longe e
definiram os curdos como um subgrupo étnico persa. Assim, os direitos do povo curdo
seriam garantidos de forma natural. Os curdos que insistiam em lutar por seus
direitos e revindicavam sua identidade étnica eram vistos como indivíduos que
denegriam sua própria nação, recebendo consequentemente o tratamento
apropriado.
O regime turco revindicava sua
supremacia sobre os curdos pelas supostas campanhas de conquista da Anatólia
que teriam ocorrido mil anos antes. Durante estas campanhas ter-se-ia
constatado que não existiam outros povos na região. Por conseguinte, curdo e
Curdistão representam não-palavras, não existentes ou cuja existência não é
permitida segundo a ideologia oficial. O uso de tais palavras representa um ato
terrorista e é punido como tal.
Apesar de construções ideológicas deste
estilo, o povo curdo representa um dos grupos étnicos autóctones mais antigos
da região.
A maior nação sem pátria.
Descendentes do antigo império medo-persa (nação a
quem pertenceu o Rei Dario, e ante quem serviu o profeta Daniel) os curdos
lutaram muito para possuir seu próprio território como pátria para dar um lar a
seus mais de 20 milhões de habitantes que hoje vivem divididos entre a Turquia,
Síria, Iraque e Irã. São na maioria muçulmanos, apenas se conhecem crentes
entre eles.
Determinar o número exato é impossível. Os
governos de seus respectivos países tendem a subestimar seu número, enquanto
que seus movimentos nacionalistas o exageram.
Eles são descendentes dos medo-persas mencionados na
Bíblia Em 612 a.C. conquistaram Nínive, e por sua vez foram conquistados pelos
persas em 550 a.C. Alguns antropólogos os identificam com os elamitas
mencionados na profecia de Jeremias 49. No século VII d.C., ao se converterem,
na sua maioria, ao islamismo.
Os Curdos mais famosos da história foram Dario, o
Medo, que reinou na Pérsia no tempo de Daniel, e Saladino, que lutou contra o
Rei Ricardo Coração de Leão, nas cruzadas e reconquistou Jerusalém para o
islamismo em 1187.
Um povo diferente
Não há dúvida que eles são a maioria mais importante
do Oriente Médio. Sua pátria, que eles chamam de Curdistão, não tem limites
oficiais, mais se estende desde as montanhas Zagros no Irã até a parte do
Iraque, Síria e Turquia Oriental. Uma região montanhosa de 500.000 km2
onde se encontram 100% do petróleo turco e sírio, e 74% dos curdos do Iraque
(Kirkuk-Mosul) e a metade do iraniano (região de Kermanach). Ao norte se
encontra o Monte Ararat (onde desceu a arca de Noé), e os rios Tigre e Eufrates
banham a região.
Um povo com língua própria
A diferença entre á¡rabes e curdos está no fato de que
estes ainda não estruturaram a sua língua e a sua escrita; os mais
alfabetizados escrevem em árabe.
O curdo é um idioma indoirani relacionado com o
persa. Tem um grande número de dialetos. Em alguns casos é possível o
entendimento restrito entre um dialeto e outro, porém na maioria dos casos não
o é.
Provavelmente o obstáculo mais grave para a
comunicação entre os curdos e com outras nações resida no fato de que o
analfabetismo é muito grande (inferior à 10%). Poucos são os que tem
oportunidade de ir a escola, geralmente por questões econômicas.
Um povo com crenças próprias
Religião de origem mazdeísta, não obstante os curdos
tem sido fiéis seguidores de um provérbio que se aplica a toda a minoria do
Oriente Médio: "Mais vale uma raposa em liberdade do que um leão
preso". Assim, o povo curdo teve que mudar sua religião para sobreviver.
Da mesma forma, mantém antigas crenças em espíritos que habitam em cavernas,
montanhas e vales.
Um povo com identidade própria
Ainda que originalmente eram nômades, hoje em sua
maioria são agricultores. Vivem em pequenos povoados que se destacam por sua
estrutura competitiva de clãs e por sua desordem: em algumas ocasiões ganharam
a reputação de serem brutos. Os turcos provocaram algumas tribos curdas a
unirem-se para o massacre dos armênios até o final do século XIX.
A parte disto, são muito hospitaleiros. Suas mulheres
realizam tarefas domésticas, e durante a colheita também trabalham no campo. Em
suas festas as esposas tem lugar ao lado de seus maridos, e é permitido
que falem. Os curdos normalmente tem uma sã esposa.
Pode-se dizer que sua cultura está baseada no amor.
Por exemplo, é bem visto uma jovem deixe seu lar para unir-se ao seu
amado, ainda que contra a vontade de seus pais. As mães sempre levam consigo
seus bebês, até quando vão realizar trabalhos no campo. É
permitido às crianças, desde pequenos, a sentar-se com os adultos e
participar de suas conversas, que geralmente são sobre o amor, doenças, ou
morte. Os filhos levam o sobrenome do pai, ainda que podem tomar o da mãe se
ela é bonita ou de família muito conhecida.
Preparados para morrer pela sua pátria
Nação sem estado, massacrados pelos turcos, árabes e
persas, esquecidos pela ONU, os curdos são na grande maioria analfabetos. Desde
o início deste século, quando se desenvolveu seu nacionalismo, o povo curdo
mantém uma guerra de guerrilhas contra as potências ocupantes de seu
território. O tratado de Sôvres, firmado em 1920, havia prometido a eles o
direito a sua independência depois da queda do império otomano. Mais quando o
texto de Sôvres foi substituído pelo de Lausane, foi perdida toda esperança.
Não é a primeira vez que as esperanças curdas por
obter uma nação própria terminou em desastre. Seus guerrilheiros chamam a si
mesmo "peshmerga" (os que enfrentam a morte), e através dos
anos tem sido frustrados seus intentos por aspirar uma nação própria, em terras
com governantes que os depreciam.
No Iraque, Saddam Hussein tentou por longo tempo
eliminá-los. Quando as forças aliadas na guerra do Golfo, expulsaram o exército
iraquiano do Kuwait, centenas de milhares de curdos sem lar se dirigiram ao
norte para reclamar suas antigas terras, somente para serem atacados por Saddam
e forçados a fugir novamente.
Os problemas no Iraque tem levado o Primeiro Ministro
da Turquia a utilizar a palavra curdos, já que até pouco tempo a existência
deste grupo humano não era aceita, e eram chamados de turcos das montanhas.
Agora, uma nova legislação foi proposta e trarão liberdade limitada para a
língua curda permitindo fitas e vídeos em sua língua, mais não livros.
Morrem sem Cristo
Há muito poucos cristãos no Curdistão, e a maioria
deles são nominais. Os missionários que trabalham nesta área tiveram que
abandoná-la em 1920 por causa das pressões políticas. Atualmente há uma
pequena obra cristã em algumas regiões do Iraque.
Somente existem traduções do evangelho de Lucas e de
João, os Provérbios, e o livro de Jonas e alguns episódios da vida do Senhor
Jesus Cristo.
Oremos pelos curdos
A forma em que estão se desenvolvendo os atos,
poderiam indicar uma resposta a oração de muitos? O evangelismo entre os
muçulmanos curdos está severamente restrito e há poucos crentes verdadeiros
(não se sabe de mais de 50 em todo o mundo); no entanto, as zonas curdas da
Turquia tem a mais alta percentagem de reposta aos cursos bíblicos por
correspondência.
Podemos enfocar nossas orações a motivos importantes.
Esperando que o desenvolvimento político seja para o bem, clamemos para que os
curdos tenham a liberdade de escutar o evangelho em sua própria língua, e para
que haja obreiros que tenham a possibilidade de proclamar as boas novas.
Considerando os projetos de evangelismo que estão em
andamento, oremos pelo término da tradução do Novo Testamento a vários dialetos
curdos. Para que sejam distribuídos os vídeos e as fitas que existem em
curdos. Também para que os exilados que vivem na Europa sejam alcançados.
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