terça-feira, 12 de março de 2013

* PESQUISAS II - Conflito: CURDISTÃO *


    Os curdos são descendentes do povo Hurrita que se fixou na região do Curdistão no 1º milénio a.C. Estes espalharam-se pela Mesopotâmia e juntaram-se a uma variedade de povos e tribos das terras baixas. 
A sua língua pertence a um subgrupo noroeste do ramo indo-iraniano, tendo sido a língua hurrita a sua primeira língua oficial, ainda evidente na construção gramatical. A maioria dos curdos é bilingue ou poliglota, falando línguas vizinhas como o árabe, o turco ou o persa.
Desconhece-se o número exacto de curdos no Médio Oriente devido aos recenseamentos recentes e à relutância dos vários governos em fornecer dados.
De acordo com estatísticas, os curdos deverão compreender cerca de 20% da população da Turquia, 15 a 20% do Iraque, 7% do Irão, 6% da Síria e 1,3% da Arménia. É estimado que o povo curdo seja cerca de 25 milhões.

Curdos no Iraque
1970 – Iraque anuncia plano de paz contemplando a
autonomia curda, que seria implementado em 4 anos.
No entanto, ao mesmo tempo, o regime iraquiano iniciou um programa de arabização em regiões ricas em
petróleo, interrompendo o acordo de paz e iniciando, em 1974, uma nova ofensiva.
||RIQUESA||1975 – Pacto de Argel, Iraque e Irão os cortam todos benefícios dos curdos e enviam árabes para campos de petróleo no Curdistão;
||COSEQUENÇIA||1980 – Guerra civil: assassinatos em massa, destruição generalizada, deportação de milhares de curdos;
O Iraque foi amplamente condenado pela comunidade internacional mas nunca foi seriamente punido pelos meios opressivos que levaram à destruição de 2 mil aldeias e à morte de milhares de curdos.
1991 – Após afirmação curda por parte da União Patriótica do Curdistão e Partido Democrático do Curdistão, tropas iraquianas recapturam regiões curdas, levando à fuga de milhares de curdos.
De modo a conseguir alguma estabilidade, o Conselho de Segurança da ONU estabeleceu uma “Zona de Exclusão”, que passou a ser controlada pelos partidos rivais UPC e PDC. Em 2003, os curdos receberam com prazer as tropas americanas que expandiram a área controlada pelas forças curdas.
2006 – As duas regiões curdas foram unidas, criando uma região unificada.

Curdos na Turquia
1915 a 1918 – Os curdos lutaram pelo fim do domínio Otomano, apoiados pelo Presidente Wilson e pelos seus 14 pontos de defesa das nacionalidades e reivindicaram a sua independência nas Conferências de Paz;
1920 – O Tratado de Sèvres determinou a criação de um Estado Curdo Autónomo que ocuparia essencialmente parte da actual Turquia e território iraquiano.
A descoberta de jazidas de petróleo e o temor da influência soviética contribuíram para o fim deste estado curdo.
1923 – Tratado de Lausanne, sem menção ao território como sendo curdo;
O acordo levou ao reconhecimento internacional da nova República da Turquia como sucessora do extinto Império Otomano e anulou o tratado de Sèvres, de 1920, que não chegou a ser ratificado pela Turquia.
||CAUSAS||1991 – Proibição da língua curda na Turquia, que reprimiu oficialmente qualquer expressão de identidade curda;
||MUDANÇAS||Como resultado de intervenções da União Europeia, as transmissões de rádio e de televisão em curdo são agora permitidas, embora com severas restrições de tempo. Além disso, a educação em curdo agora é também permitida em algumas instituições privadas.
Partido de Trabalhadores do Curdistão – considerado terrorista pelos EUA e UE, por lutar pela criação de um Estado independente num território consistindo em partes do sudeste da Turquia, nordeste do Iraque, nordeste da Síria e noroeste do Irão, sendo uma organização étnica separatista que usa a força contra alvos civis e militares.
Despovoamento da Zona Curda – provocada por atrocidades do PTC contra clãs curdos que eles não conseguiam controlar, pela pobreza do sudeste turco e pelas operações militares do estado turco com uso da força. Estima-se que 3000 vilas e aldeias curdas na Turquia foram verdadeiramente varridas do mapa, o que representou o deslocamento de mais de 378 mil pessoas.

Curdos no Irão
Século XVII – Um grande número de curdos foi deportado por Abbas I da Pérsia por meio da força para o Irão ocidental;
1946 – A República de Mahabad, apoiada pelos soviéticos, foi estabelecida no Curdistão iraniano, a norte do Irão, como parte de uma série de estados fantoches soviéticos e durou apenas 14 meses;
1953 – Após golpe militar, Mohammad Pahlavi tornou-se autocrático e suprimiu no Irão a maior parte das minorias étnicas, como os curdos;
1979 a 1982 – Lutas intensas entre curdos e o estado iraniano, tendo sido declarada uma “Guerra Santa” contra os curdos.
Desde 1983 – o governo iraniano mantém o controlo sobre todas as áreas habitadas pelos curdos, ocorrendo alguma instabilidade e tomadas de posições militares.
No Irão os curdos expressam a sua identidade cultural livremente mas os direitos de governo e de auto-administração são negados. Activistas de direitos humanos curdos no Irão têm sido ameaçados e perseguidos pelas autoridades iranianas.
Curdos na Síria
Correspondem a 15% da população da Síria, aproximadamente 1,9 milhões de pessoas, fazendo dos curdos a maior minoria étnica do país e concentram-se maioritariamente no norte.
Activistas de direitos humanos curdos, assim como em outros países, são maltratados e perseguidos, não sendo permitida a criação de qualquer partido político.
As autoridades síris proibiram:
 
O uso da língua; o registo de crianças com nomes curdos; negócios que não tenham nomes árabes; escolas privadas curdas e livros e outros materiais escritos em curdo.
Sem o direito à nacionalidade síria, cerca de 300 mil curdos são privados de quaisquer direitos sociais, violando-se as leis internacionais.
Fevereiro de 2006 – primeiros relatos da permissão do governo sírio em conceder cidadania a curdos, ainda sem qualquer acção oficial.

Curdos na Arménia
1930 a 1990 – A Arménia fez parte da União Soviética e os curdos, como outros grupos étnicos, tinham o estatuto de minoria protegida. Aos curdos arménios era permitido ter o seu próprio jornal patrocinado pelo Estado, transmissões de rádio e eventos culturais.
Com o fim da União Soviética, os curdos na Arménia foram destituídos dos seus privilégios culturais e a maioria fugiu para a Rússia ou para a Europa Ocidental.
Diáspora Curda
Relatório do Conselho da Europa:
1,3 milhões de curdos vive na Europa Ocidental, enquanto que 100 mil curdos imigraram para os Estados Unidos, 50 mil para o Canadá e 15 mil para a Austrália.
• 1960 - Primeiro imigrantes curdos oriundos da Turquia estabeleceram-se na Alemanha, Áustria, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Reino Unido, Suíça e França.
• 1980 a 1990 – Períodos sucessivos de instabilidade no Médio Oriente causaram novas ondas de refugiados, a maioria vinda do Iraque e do Irão.
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Curdos, um povo sem Estado
O Estado curdo previsto pelo Tratado de Sèvres nunca foi criado, não exercendo o povo curdo oficialmente qualquer soberania sobre qualquer território. Os curdos continuam dispersos numa vasta região transfronteiriça supermilitarizada. Com excepção do “Estado Federado Curdo”, os curdos parecem condenados a viver sob governos que ignoram os seus direitos


Curdistão é a região compreendida entre as cadeias montanhosas do Tauro Oriental Externo e dos Zagros. Desde o desmantelamento do Império Turco-Otomano, Curdistão encontra-se dividida por quatro fronteiras nacionais: Turquia, Iraque, Irã, Síria, além de uma pequena parte na Armênia e o Azerbaidjão. Apenas o Irã reconhece a região por esse nome. É habitada pelos curdos, população de origem indo-européia.
O Curdistão nunca foi politicamente unido, apesar de algumas tribos organizadas em principados terem experimentado autonomia ao longo de sua história. No final da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), os curdos nacionalistas já tinham desenvolvido a idéia de um Estado nacional. O Tratado de Sèvres, assinado entre as potências vencedoras e representantes do Império Turco-Otomano, previa a autonomia não só do Curdistão, como também da Armênia, além do reconhecimento dos Estados árabes de Hejaz (região oeste da atual Arábia Saudita), Síria e Iraque. Porém, o tratado não é ratificado, sendo substituído, em 1923, pelo Tratado de Lausanne, que não faz nenhuma menção aos curdos e aos armênios.
Na Turquia, o líder Mustafa Kemal Ataturk procura fortalecer a identidade nacional e inicia uma forte política de assimilação dos curdos. Passam a ser chamados de “turcos montanheses”, sua língua é declarada ilegal ou classificada como dialeto turco e são impedidos de usar suas vestes típicas. Desde 1925, ocorrem rebeliões curdas principalmente na Turquia, no Iraque e no Irã

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